sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Fim de Tarde

Depois de anos-luz posto de novo. Dessa vez uma crônica que enviei ao Concurso de Crônicas da Feira de Literatura de São João Del-Rei, conseguindo o 4º lugar pelo Júri e o 1º através do Júri Popular pela internet.




Fim de tarde




Fim de tarde. Ao fundo, o badalar dos velhos sinos. Os mesmos seis toques de todas as tardes, que marcam a sua presença.
Lá vai ele, cabisbaixo, mãos no bolso do paletó surrado.  Se não fosse assim, tão triste e encabulado, talvez notasse aqueles olhos sedentos de sua forma tediosa, que há tanto tempo lhe acompanham.
A quem possa parecer, é um encontro marcado. Ele em sua doce solidão, com seu olhar vago e seu sorriso impreciso; e os olhos, aqueles olhos, brilhantes de querência, de tentação, sempre à mesma hora, no mesmo local.
Um andarilho mais atento se interessaria por saber o que há nesse par, tão simplório e envolvente. Em que há tanta destreza nessa fuga inconsciente e tão mais insistência nesse fazer-se notar? Eles se diferem em algo, mas não há um alguém mais interessado, nem tão pouco esforçado, em revelar tão singelas posições. Só há ele e seu caminhar matreiro, que transborda melancolia, uma dor lancinante. Em contraponto, tem aquele par de olhos, que sobrevivem ao pesar do desejo não revelado, não vivido.
Dia após dia, os dois se desencontram. Toque após toque dos sinos, os passos naquela viela, com a graça da antiguidade, são dados e trazem vida à casa de detalhes azuis, janelas brancas e aos olhos, aqueles olhos.
Eles não se cansam de ver, apenas ele passar e ir, não se sabe para onde, nem tão pouco interessa saber. A única coisa importante daquele momento, seis badaladas, é que ele vem, deixa o cheiro da sua solidão ao atravessar a rua. Há quanto tempo se observa essa tranquila dança de desencontro? Um mês, seis meses, dois anos?...
O tempo é impreciso, se arrasta com toda a dificuldade das seis badaladas que demoram tanto a serem ouvidas. Cada passagem inicia o martírio diário daqueles olhos profundos, sua emoção é a espera e nada mais. Há muito perdeu a esperança de que ele lhe notasse, buscou satisfazer-se com o que tinha: sua visão. E tentava dela, a cada novo encontro, tirar maior proveito. Os olhos eram como máquina fotográfica, podiam guardar e dizer cada característica dele. A manga puída do paletó, os sapatos mal engraxados, as camisas de cores sóbrias, o corte no rosto da barba feita às pressas. Tudo estava ali e a cada dia eram essas imagens que lhe invadiam a mente.
Naquela nova tarde, as mesmas badaladas, a mesma rua, a mesma janela, os mesmos olhos. Só ele não era o mesmo. Vinha com as mãos leves, soltas ao lado do corpo, a cabeça altiva. Observava, algo acontecera, não era mais alguém tomado pela desesperança. Era homem, como todos os outros.
As novidades parariam por aí? Subia a rua com leveza, parecendo querer compensar cada passo pesado de antes. Parecia sorrir, com a verdade de quem sabe o que quer. E a cada passo que dava e mais próximo da janela branca ficava, aqueles olhos se emocionavam, de novo. Não é necessário dizer, a que se parecia essa emoção, o acontecimento seguinte fala por si.
Ele virou-se. Olhou e encontrou aqueles velhos companheiros, brilhando de contentamento. Tudo parou, nada mais tinha significado. Apenas os dois, ele e seu admirador. Foi o instante em que os olhos se calaram e ele quis falar.
Papéis invertidos. Acabou. O relógio voltou a girar, os carros a passar. Mas algo havia mudado. Outra tarde, seis sons do sino, passos pesados, ombros caídos. Olhos na janela, à espreita. Ele passa. E os olhos sorriem.

domingo, 28 de novembro de 2010

Um mundo sem amor?

Depois de séculos, volto ao blog! Como gosto disso...
Vai um poeminha feito as pressas essa semana, numa madrugada qualquer...


Eu creio no amor
E como não fazer?
Das manifestações mais sublimes,
Das concretizações mais leves
É assim esse senhor dos tempos,
Das verdades inscritas,
Pelo mais puro dom.
Nos passos e espaços
Completando seres, unindo a fé
Não há como não ser assim,
Tão crente na quietude da sua ação
E na eficácia tão necessária.
Tentei um dia ousar,
Pensar o mundo
Por um momento que fosse
Sem o amor.
O tempo nem um segundo passou 
O mundo sucumbiu
E nós deixamos de existir.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Nota-se...

         Será que é demais perceber que eu estou aqui?? Ei ei.. eu preciso gritar isso? Então eu grito: OLHA EU AQUI!!! Tem um coração batendo descompassado, tem um olhar vazio, um sorriso sem vida e braços sem acolhida. Captaram a mensagem? Eu existo, por mais surpreendente que possa parecer, sim, sou de carne, osso, sentimentos e desgostos. Você consegue entender? Eu tenho que fazer isso, te fazer compreender, como é viver assim, tão a margem da vida, a margem de tudo. Começo por dizer: lembra dos gritos? São eles minha arma, ou você acha que alguém por si só irá se preocupar em notar uma alma adormecida, amortecida? Se não os chamo, não os tenho. Sim! Olhos em mim, olhos que vejam tudo que se passa, que notam um pouco de essência escorrendo a cada segundo, minuto, num ritmo minimamente calculado. Nada de mais, nada de menos... só a vida se distanciando. Por um momento supôs que meus gritos valessem a pena não foi? Acredito em vão... ilusões, meras e infrutíferas ilusões.
            Nasci assim... um figurante da vida.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Momentos...

Eu dou risada da minha tristeza,
A falta de coragem
Pra fazer mudança.
A pouca vontade
De seguir em frente.
Ternura, que foi,
Sorrir e depois,
Caminhar indiferente,
Um passado,
Calado espaço
De vivências intensas,
Solidão constante
E nada além.
Esperar o amor
Nascer, resplandecer.
Em mim...

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Minha pequena


Doce menina
Que visita minha mente,
Com seu jeito faz 
Brilhar os olhos meus,
De maneira condescendente, 
envolvente.
Quero fazê-la sorrir
Tornar-me viva a ti,
Pequena alegria.
 
Ouvir seu sonhar
Pensar você
Como a beleza
Com o querer
E o pesar.
De você ser assim,
Bem impossível a mim.

Longe e aqui
Presa ao tempo,
Faço números de suas contas,
Que caminhe rápido,
A florescer você,
Em mulher de amar,
De morrer de amores.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Ser ou não-ser?

Sinto uma pressa de não-ser. Não ser o que espera de mim, não ser quem te acolhe, não ser quem sustenta a sua versão dos fatos... fadados erros sem fim. É necessário a minha precisão, essa falta do ser. Não sou, nem serei o melhor pra você, não sou nem serei o seu amor, o seu carinho. Não sou e não espero ser marcante pra você, nem envolver-te em laços de emoção sem fim. Não serei mais, o motivo da sua descompensada falta de razão, nem mesmo dos seus perdidos desejos.
A vida caminha assim... vamos vivendo, nos envolvendo e percebendo, em que momento, não somos mais. E pra você, percebi que não sou importante, querida... não da forma que eu, tão certa de ser, esperava. As verdades são assim, quando não ditas, caladas e esquecidas, não deixam de ser. Na forma e hora exatas eu soube. Tudo que julguei não existir, ser obra da mente insegura e pouco prática, era real... sutilmente, real.
Até me dói, saber assim, que ter sonhado ser, foi de todo inútil. Tanta dedicação, tanta coisa deixada pra viver mais tarde, ao seu lado. Ser com você. E hoje, você me faz, simplesmente, não-ser.
Perdi, não só tempo, não só vontade, não só amor. Perdi meu ser. E era tão importante a mim. E agora, ter me desconstruído faz você ser?
Já não tenho mais a paciência de antes, nem quero tê-la, pois ao empregá-la, estarei sendo a você, algo que você não mais merece de mim. Quero guarda-te em meu passado, como o livre esquecimento, do que pude ser. Tão banal e pequena, em aceitar-lhe os desafios tristonhos. Recobro agora, quem sempre fui. E quem, eternamente, agora e em diante, buscarei, outra vez, ser.

domingo, 15 de agosto de 2010

Tudo isso...

Esse tal lance,
de você ser assim,
a completude da minha essência, 
me encanta. 
Essa coisa de você ser
o sorriso das horas pouco serenas,
me diverte.
Esse sentido de você saber 
o que se passa no meu sonhar, 
só na fixação de nosso olhar, 
me emociona. 
Essa tal mania, 
de contrariar minhas incertezas
e fazer delas um sim 
estampado na cara, 
me acalma. 
Esse jeito de fazer de cada dia, 
um a mais especial,
me acalenta. 
Essa força, que mesmo leve, 
arranca as tristezas de mim, 
me guarda.
Essa forma de esconder
o que te aflige, para poupar-me
me cativa.
Esse conceito, de fazer 
de nossas vidas, uma música
das melhores de se ouvir,
me amolece.
Essa gostosa rotina, 
de me fazer feliz,
me humaniza
Essa situação, 
de você ser anjo meu,
tão pequenina e envolvente,
me enobrece.



Ao som de:
Chicas - Esquadros
Madá - Mais um trago
Madá  Samba e blues
Ruanitas - Fui eu


terça-feira, 3 de agosto de 2010

Talvez

Sinto que nasci assim..
Um abrigo mudo,
Singelo em seu pensar.
Apenas para estar
Sem ser notado
Ou pensado.
Apenas ali, para
Um precisado
Forasteiro,
Que das palavras
Necessita.
Serei sempre
O elo.
Realidade, amor
O mais doce pensar.
E me satisfaço
Desse modo
Um não-existir
Tão presente.

domingo, 11 de julho de 2010

Apoio

Necessito da paz,
Que só o leve sorriso,
Sincero amigo
Proporciona a alguém.

Ao coração cansado,
O corpo fatigado...
Um olhar interessado
O sossego da alma.

Conversa serena
Confissões despejadas...
Angústias passadas..
Você sente o carinho.

E é sempre contigo
Tratando sua dor.
Curando por seu amor,
Um doce abrigo ao seu pesar

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Bobices...

Ando dedicando coisas a pessoas especiais por aqui.



Lembranças de amora

Gosto de infância
Recordação do bem
Aventuras, amizades
Brincadeiras a parte
Gargalhadas que se ouvem
Passos rápidos
Correria sem fim
É um doce sentir
Pensar você e lembrar vida.
Vida que passou,
Amigos que ficaram
E um querer de novo
Tirar do pé
A fruta vermelha
Estar perto do outro.
Agradável passado
Que ficou
O gosto de gostar
Da vida.







Algo novo que se
Mostra... Canto que
Ora. Pede por nós, pede por Deus.Se
Realizam os desejos, novos
Amores florescem

Palco, luz, música
Emoção na espera, a flor na pele
Rompeu fronteiras, a linda
Amora está entre nós.




Nada como um leve puxa-saquismo... Por alguém que ilumina minha vida. Música, sonoridade. O que me faz viver.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Cuidado...

Sou um alguém,
Passando por um não ser sem fim.
Não mudar, não querer, não falar.

Me emocionar pelo que é dito,
Tão a vontade.
Uma vontade de me entender,
De me enamorar do mundo.
Mas é tão difícil!
Tudo parece a beira d'um precipício...
Um passo em falso e decaio,
Vou ao fundo do meu medo, da minha dor.

Hoje é o dia de cuidar...
Cuidar desse mundo,
De você e do que nascer.
De sentir sem se envolver,
De mentir sem entender...
De assumir, por um final.
Estender esse novo, esse outro ser.

Um abraço ao meu alcance..
O surgir sorriso nos lábios teus.
É a amizade no seu toque...
De sutil envolvimento.
É o espaço aberto
E um futuro belo.
É a tranquilidade... é o colo..
Estarmos perto!

Não vou pensar..
Apenas te acolher.
É o que eu quero,
É o que você necessita.
E anjo que sou...



Ao som de:
Namorar - Chicas
Espumas ao vento - Chicas
Felicidade - Chicas

sábado, 26 de junho de 2010

Post baba ovo...




Hoje o post é especial. É para alguém que sei que nunca vem aqui e que acho que prefiro que continue não vindo. Mas é uma das pessoas que mais amo, que mais torço e por quem faria qualquer coisa.
Minha única e grande irmã.

Não vou mentir, até porque todo mundo sabe. Não nos damos exatamente bem. Brigamos sempre, nos implicamos sempre. Há quem diga que é normal, briga entre irmãos. Não contesto. Sei que são hipernormais, ainda mais se você olhar uma duplinha como nós duas. Eu 8, Ela 80. Meio termo? Nenhum. 

Daí você me pergunta, se é tudo assim, tão distante e tão brigante, por que a homenagem? E eu respondo, que não estava exatamente nos meus planos, fazer isso assim, mas aconteceu de me debulhar em lágrimas quando no orkut dela, vi seu convite para a formatura. Pensem, alguém morrendo de chorar na frente da tela de um computador, só por um convite. Fui eu!

Mas eu explico, há quem vá me compreender. Vi ali o resultado de uma busca, de uma luta de anos. Não só os quatro de faculdade. Mas os anos em Marabá, em Vila Velha, em Três Corações. 
A vontade que ela sempre teve de ser a melhor, de crescer, de ser alguém na vida. E a força que meus pais sempre deram para isso. "A maior herança que a gente pode deixar pra vocês é o estudo". Concordo e eles tem deixado.

Minha irmã, agora jornalista, é a primeira a alcançar esse passo mais alto. A primeira a nos fazer sentir esse orgulho, essa felicidade do trabalho, da missão cumprida. Acho que chorei por isso. Imaginar meus pais, meus queridos e amados pais, no que eles sentiram quando viram aquilo, na emoção na felicidade. Saber que eles, de famílias tão humildes, que lutaram tanto para ter algo na vida, conseguiram formar uma filha. Dar a ela um ensino superior de qualidade. O que não se passou por suas mentes? Todos os esforços, as dificuldades... Se pela minha, se passou tudo isso. Imagina para eles?

Por isso eu tenho orgulho da minha irmã, dos meus pais, da minha família. Juntos e unidos conseguimos dar esse grande passo. 
Os melhores pais do mundo, pensem neles... É, não chegam nem aos pés dos meus, sinto lhes dizer. A irmã mais inteligente e chata do mundo? Também não chega aos pés da minha. Definitivamente. 

Porque os meus são os melhores. 

Desejo toda sorte de bobagens pra você Alaine... Das alegrias serenas, as surpresas muito inesperadas, das tristezas pequenas, as raivinhas passageiras. E disso tudo... todo sucesso do mundo. Porque você é um grande amor pra mim. E sempre será. Minha mais bela conquista e meu sonhar com futuro.


[espero que ela nunca veja isso...]

Ao som de:
Oração - Chicas
Paciência - Chicas
O que eu não sou - Chicas

A vida anda inesperadamente bela...

segunda-feira, 14 de junho de 2010

"Tristeza por favor vá embora..."

O dia foi ruim, quanto tempo mais será assim? Tão longe de mim! 
E meu sossego? E meu desejo... o meu porvir?
Acho que no pote da tristeza, bebi mais do que esse peito nu, podia suportar. Quis tudo por mim e para mim. Sequei... toda fonte. E ela hoje sou.
Me cansei de suportar a dor em vão.
Repasso agora, o que a muito quis somente a mim.

A tristeza esvai...

terça-feira, 1 de junho de 2010

Só pro sorriso esconder a lágrima...
Me calo!

domingo, 30 de maio de 2010

Palavras ditas

Já cansei de chorar
De mentir para mim mesma
Esperar um alento...
Nem que seja uma palavra ao vento
Só pra me fazer sorrir
Ao menos mais um instante,
Menos constante.

Não suportar tanto peso
O porvir tão desumano
Nada se diz com sentido
Tudo é por mentira
Por ilusão...
A solidão aflige,
É nova..
Que renova.
Que transforma.

Continuam as mesmas.
Palavras sem sentidos
Leve brisa a rodá-las
Transformá-las
Ali começou serena
E agora, aqui
Tufão já é!

Segundos se passam..
A autoridade do tempo não
Ele mata, ele assola
Desola
A fala já foi doce
Como faca,
Corta o espaço
Arrepiando..
Dor lacinante.

Já foi dito
Já foi doído!



Ando meio tristonha...

Ao som de:
Baião de rua - Chicas
Menina amanhã de manhã -Chicas
Moleque - Chicas
O que queres - Chicas

segunda-feira, 24 de maio de 2010

De velhices se vive a vida...


Emblemático não? Post novo, após 20 dias que fiz o último. Eu fiz 20 anos recentemente etc e tal. Sim, foi tudo calculado. =D
Mentira... Foi só uma coincidência mesmo! Me sobrava vontade de postar, só faltavam tempo e vontade efetiva para tanto.
Aí vão duas poesias antiguinhas, de 2008. Espero que gostem! (Pra variar não tem titulo ^^)

 

20/05/2008
Demorou tanto para dizer-me
Que é saudade o que me toca a face
Um leve roçar nos lábios meus

É a tristeza ganhando sua forma
A construção de outra história
Sofre você, sofro eu. Tanto vazio!
Todo passado desaba sobre mim
Toda lembrança assusta meu olhar

Quanta verdade está contida nesta fala?
Talvez nenhuma?... Ou somente a tua?
Há aquela luz em seu olhar ou é só reflexo do mar?

Apagou-se... Sem cor. Final
Eu... Você


(Só depois que escrevi aqui que vi a data. Tem exatamente 2 anos e 4 dias)



8/04/2008
Pés descalços, caminham
Em direção ao vento
Contando o tempo,
Sentindo a vida,
Pisando o chão.
São tantos fatos,
Tanto fardos,
E os pés suportam,
Até a dor do desamor.



Um abraço especial pra Virgínia. Sei que ela nunca passa por aqui, mas é uma amiga especial que tá ficando mais véinha hoje!! Parabéns!! Muitas felicidades na sua terra mágica!

As coisas andam velhas por aqui....
Até qualquer dia!

terça-feira, 4 de maio de 2010

Madrugada sorrateira...

Nada para se fazer? Não sei ao certo. Minha atenção se prende à dor que não existe. Será possível viver assim, tão bem? Sem nada a incomodar, aquele estranho familiar. Uma pontada no peito, a sensação do desespero. Será que é mesmo assim que estou? Tão livre, que posso me permitir, transbordar o comum? Poder apenas olhar e deixar vir, tudo que desejo expor, dizer adeus aos gritos sofridos, aos sorrisos melancólicos, aos avisos desconcertantes. Ser assim, ser natural. Sem preocupações com a voz do outro. Sou eu, me pertenço. Se digo que me importo, falo primeiro que me importo comigo! Pois sem mim, não existo! Faz sentido? Completo! Para mim que é a quem me destino.

Gostoso sentimento este, de nada me prender e a tudo me permitir. Até quando poderei me manter assim? Serena e consciente, de meu limite, de minha identidade? Não deverei me acorrentar a prazos. Oportunidade única. Transpor barreiras, que me eram grandes entraves, será tempo de me guiar. Sem esconderijos parcos, que por pobres condições, mais revelam meu ardor, meu querer. 

Cara a cara, verdades vão surgir, o meu não importar com você, será falta de precisão? De respeito ou compreensão? Prefiro não pensar. Fase egoísta. Quero pensar em mim... me permitir tudo ao que me resguardei. 

Afinal, posso tudo que quero!




*Ao som de:

Namorar - Chicas
O que eu não sou - Chicas
Oração - Chicas

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Saudade, melancolia

Desprendo esta agonia
Que há tanto corrói meu peito
Até chegar a esse entender
Muito já sofri.
Agora sei, se doeu,
Foi por saber...
Que tudo o que podia ter sido,
Nunca será experimentado.
Essa vivência das cores
E dos verões quentes,
Ficou.
Nada volta, talvez só as águas do mar.
Mar que não mais tenho...
Areia fofa, que não mais piso.
Tudo ficou para trás.
As voltas, não mais ocorrem.
Meu passado, minha história,
Que não mais [re]conheço,
Fogem de mim.
É tudo bem vazio.
Um não compreender.
Onde está a parte de mim
Que sei que aqui me cabia?
E carregada de sentimento
Trago de volta esta velha agonia..
De quando deixei a pequena vila
Um Santo Espírito para traz.




Nem tentem entender.. Não é pra se entender. Só um desabafo.
Hoje senti tanta falta de quando morei em Vila Velha, dos amigos que tiver por lá e que sei que não tenho mais, da escola que estudei, da praia que frequentei.
Foi um dia tão agoniante.
Deixei tanto pra trás, coisas que jamais poderei recuperar um pouco que seja. Por que separações doem tanto? Por que distâncias separam tanto?
Como eu desejo que pelo menos um pouco do que tive pudesse retornar pra mim!

domingo, 11 de abril de 2010

Balanço geral

Não serei nem a primeira, nem a última a fazer um balanço da vida no dia do aniversário. Mas como esse balanço é meu, ele é mais que especial para mim. Ainda mais por ser algo marcante sabe? Tipo, sao 20 anos, 240 meses, 960 semanas, 6720 dias, 161280 horas, 9676800 minutos, 580608000 segundos.

Trocando em miúdos duas décadas. Não posso dizer que foram as mais movimentadas, mas tiveram suas andanças... e como tiveram!

Pai militar, é isso que dá!... Começa aqui em Minas mesmo... Um pouquinho no Pará, um tanto mais no Espírito Santo e tá em Minas mais um bocado. Entre esse vai e vem as coisas vão ficando... seus pedaços vão ficando. Cada lugar, mesmo aquele mais distante, que você não é muito capaz de se lembrar, deixa sua marca. Um "namorico" aos cinco anos, brincadeiras ao luar. Já aquele que está um pouco mais perto, acaba por deixar a escola preferida para trás, amigos que nunca voltarão a ser como antes. Para onde se retorna, por onde você não dava nada e de onde não queria nada, te dá o solo pra plantar e deixar florescer, aquela bela amizade... que te dá a sombra, o apoio, dos momentos mais difíceis.

Fases que passam, desafios que se iniciam assustadores e como! Morar assim, longe dos meus pais? Serei capaz?... Nasce uma força, não se sabe de onde, que te faz superar, todas aquelas dificuldades, a menina tímida que fala, a menina calada que cresce. A psicóloga pergunta; 'agora, você já tem noção de que é uma mulher e assim deve tomar suas decisões?' O susto que abate. Novamente se questiona, será que serei capaz? Por enquanto estou sendo.. afinal, se escrevo essas pequenas memórias, é sinal de que ainda não me matei, correto? E portanto estou viva.

Será? Esta questão não cabe, o texto é de memórias, não para discutir filosofias espíritas, porém poderia caber ao que se serve o texto, já que acredito nelas. Mas como nem todos terão paciência para este tipo de divagação, continuo a tentativa de contabilizar minhas vivências.

Algumas coisas nos marcam bem mais que outras, algumas coisas marcam de tal forma que são capazes de modificar nosso modo de viver. Nesses anos de vida, não fugi a essa regra, muitas coisas marcaram. Posso dizer que o que mais marcou foi um LIVRO*. Se você é pelo menos um pouco íntimo de mim, eu já te falei sobre ele, se for muito íntimo, eu já devo ter quase te forçado a ler. Se você não se encaixa em nenhuma das alternativas anteriores, crio outra pra você. Vá ler o livro agora e não vai se arrepender. Mas voltando ao assunto.. é engraçado isso. Acho livros tão fascinantes, são meios tão cômodos para se vivenciar determinadas situações. As dores dos outros se tornam suas, as alegrias, as vontades... Um dia escrevo um livro. Só pra constar ainda não plantei uma árvore [me cobrem isso daqui a dez anos, tá?] e não, não tive um filho, óbvio. O corpinho de butijão é obra da minha boquinha nervosa somente.

Isso me lembra planos, planos... Já tão na lista então, escrever um livro, plantar uma árvore e ter um filho. Os outros? Não são muitos, porque não gosto de me perder [demais] em divagações sobre o futuro, mas claro que existem alguns. Ser militar por exemplo... terminar minha faculdade de psicologia, ser uma psicóloga rica [dizem que isso vai ser um desejo nunca realizado, mas num custa realmente sonhar né?] e outras cositas mas...

Memórias bagunçadas as minhas... mas se até a auto-biografia do Jung é meio bagunçada [ela não tem um personagem pelo que me contaram], por que minhas pobres memórias não podem se organizar como bem entendem?

Só pra constar, tenho os melhores pais do mundo, que muito contribuiram para a construção do que sou hoje.

Hoje, do alto destes 20 anos recém completados, posso afirmar: Não realizei nada de importante na minha vida, nada que pudesse ajudar as outras pessoas, mas fui muito ajudada pelas realizações alheias. Plano para as próximas décadas: fazer algo que possa ajudar os outros. Belo plano. Acho que o melhor de todos.

Ah, posso dizer outra coisa. Aprendi que os amigos, são parte essencial do crescimento, da alegria humana.
Tudo que há de importante em nossas vidas, são as pessoas que conseguimos contar, que conhecemos, que amamos, que queremos bem. As pessoas que contribuem e acrescentam...

Aprendi muito em 20 anos, mas só de pensar no quanto ainda me falta aprender, sonho para que esses anos, se multipliquem por muitos e muitos outros...


'é, hoje é o meu dia, que dia mais feliz!'




*para quem morreu de curiosidade, o livro que falei, é o DEPOIS DAQUELA VIAGEM - Valéria Piassa Polizzi. Não coloquei no meio do texto pra não parecer muito merchan, mas vai lá, leia, leia, leia!

quarta-feira, 31 de março de 2010

Breve retorno!

Há quanto tempo não passo por aqui. Como forma de me redimir... dois poeminhas para os loucos visitantes.


Confronto
Leve, viaja a alma
Desprende-se,
Aprende...
Surpreende.
Transcende o curso comum
Ultrapassa barreiras
Vivencia, com atitude
Toda a plenitude de teu querer
Sorri ao mundo toda a alegria
De viver, de poder, de ser!
Aquilo que vai no íntimo
Já a dor, causou
Mas agora que se entende
O sentido, a condição.
O mundo será amigo
Ao enfrentar o tufão?
Das fantasias, maledicências
Lutar com força, ao lado dela.
Tudo será tão leve
Como ao início da palavra.
A alma buscará,
Sem medo, a vontade
De ter quem for.
Para fazer, da sua realidade
Um grande, presente!




Ahh já sei!! Pra ver se alguém comenta, vamos brincar de dar um nome pra esse poema sem nome

Não quero das palavras
[Mais] um poema
Do amor: o simples-
Da vida, a luz
Quero o céu num mar
Lágrima represada
Verdade, senti(n)do
Silêncio no ar.
Cada emoção na pele
Sem...
Sempre.
Preciso o medo,
A calma, a alma
Desfaz a fala
Surpreende e cala.
Vive, pe(r)dido
Na louca emoção
Um guia...
Um término
Pra esse fim.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Inspiração

Leve desejo, uma força chega
As mãos se movem...
Transportam, transbordam
Toda a emoção... que de mim se esvai..
A dor se desfaz.
O farfalhar das folhas,
O sinal que desperta o coração..
E tudo vem... aos montes, se valem!

A melodia tranquila, voz doce.
Enebria mais ainda
Essa mente cansada, convalescente...
Que nada de novo,
se mostra capaz de trazer.

Mas faz...
O que a música lhe mostra..
Arrepio na alma..
Pequena transformação em amor.
Quase nuvens a harmonia dos acordes.
E não me acorde...
Enquanto esse sonho..
Perdurar.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

"A gente disfarça o motivo..."

Sorrir...
E não ter porque desistir..
Esperar..
E não sentir faltar...
Sorrir...
Andar, sem se despedir
Esperar
Sem motivos, amar..
Sorrir..
E de emoção, explodir
Esperar..
Você se manifestar
Sorrir
A vida a fluir..
Esperar..
A emoção calar.
Sorrir..
E você sair
Esperar..
Alguém novo chegar.