quarta-feira, 21 de abril de 2010

Saudade, melancolia

Desprendo esta agonia
Que há tanto corrói meu peito
Até chegar a esse entender
Muito já sofri.
Agora sei, se doeu,
Foi por saber...
Que tudo o que podia ter sido,
Nunca será experimentado.
Essa vivência das cores
E dos verões quentes,
Ficou.
Nada volta, talvez só as águas do mar.
Mar que não mais tenho...
Areia fofa, que não mais piso.
Tudo ficou para trás.
As voltas, não mais ocorrem.
Meu passado, minha história,
Que não mais [re]conheço,
Fogem de mim.
É tudo bem vazio.
Um não compreender.
Onde está a parte de mim
Que sei que aqui me cabia?
E carregada de sentimento
Trago de volta esta velha agonia..
De quando deixei a pequena vila
Um Santo Espírito para traz.




Nem tentem entender.. Não é pra se entender. Só um desabafo.
Hoje senti tanta falta de quando morei em Vila Velha, dos amigos que tiver por lá e que sei que não tenho mais, da escola que estudei, da praia que frequentei.
Foi um dia tão agoniante.
Deixei tanto pra trás, coisas que jamais poderei recuperar um pouco que seja. Por que separações doem tanto? Por que distâncias separam tanto?
Como eu desejo que pelo menos um pouco do que tive pudesse retornar pra mim!

domingo, 11 de abril de 2010

Balanço geral

Não serei nem a primeira, nem a última a fazer um balanço da vida no dia do aniversário. Mas como esse balanço é meu, ele é mais que especial para mim. Ainda mais por ser algo marcante sabe? Tipo, sao 20 anos, 240 meses, 960 semanas, 6720 dias, 161280 horas, 9676800 minutos, 580608000 segundos.

Trocando em miúdos duas décadas. Não posso dizer que foram as mais movimentadas, mas tiveram suas andanças... e como tiveram!

Pai militar, é isso que dá!... Começa aqui em Minas mesmo... Um pouquinho no Pará, um tanto mais no Espírito Santo e tá em Minas mais um bocado. Entre esse vai e vem as coisas vão ficando... seus pedaços vão ficando. Cada lugar, mesmo aquele mais distante, que você não é muito capaz de se lembrar, deixa sua marca. Um "namorico" aos cinco anos, brincadeiras ao luar. Já aquele que está um pouco mais perto, acaba por deixar a escola preferida para trás, amigos que nunca voltarão a ser como antes. Para onde se retorna, por onde você não dava nada e de onde não queria nada, te dá o solo pra plantar e deixar florescer, aquela bela amizade... que te dá a sombra, o apoio, dos momentos mais difíceis.

Fases que passam, desafios que se iniciam assustadores e como! Morar assim, longe dos meus pais? Serei capaz?... Nasce uma força, não se sabe de onde, que te faz superar, todas aquelas dificuldades, a menina tímida que fala, a menina calada que cresce. A psicóloga pergunta; 'agora, você já tem noção de que é uma mulher e assim deve tomar suas decisões?' O susto que abate. Novamente se questiona, será que serei capaz? Por enquanto estou sendo.. afinal, se escrevo essas pequenas memórias, é sinal de que ainda não me matei, correto? E portanto estou viva.

Será? Esta questão não cabe, o texto é de memórias, não para discutir filosofias espíritas, porém poderia caber ao que se serve o texto, já que acredito nelas. Mas como nem todos terão paciência para este tipo de divagação, continuo a tentativa de contabilizar minhas vivências.

Algumas coisas nos marcam bem mais que outras, algumas coisas marcam de tal forma que são capazes de modificar nosso modo de viver. Nesses anos de vida, não fugi a essa regra, muitas coisas marcaram. Posso dizer que o que mais marcou foi um LIVRO*. Se você é pelo menos um pouco íntimo de mim, eu já te falei sobre ele, se for muito íntimo, eu já devo ter quase te forçado a ler. Se você não se encaixa em nenhuma das alternativas anteriores, crio outra pra você. Vá ler o livro agora e não vai se arrepender. Mas voltando ao assunto.. é engraçado isso. Acho livros tão fascinantes, são meios tão cômodos para se vivenciar determinadas situações. As dores dos outros se tornam suas, as alegrias, as vontades... Um dia escrevo um livro. Só pra constar ainda não plantei uma árvore [me cobrem isso daqui a dez anos, tá?] e não, não tive um filho, óbvio. O corpinho de butijão é obra da minha boquinha nervosa somente.

Isso me lembra planos, planos... Já tão na lista então, escrever um livro, plantar uma árvore e ter um filho. Os outros? Não são muitos, porque não gosto de me perder [demais] em divagações sobre o futuro, mas claro que existem alguns. Ser militar por exemplo... terminar minha faculdade de psicologia, ser uma psicóloga rica [dizem que isso vai ser um desejo nunca realizado, mas num custa realmente sonhar né?] e outras cositas mas...

Memórias bagunçadas as minhas... mas se até a auto-biografia do Jung é meio bagunçada [ela não tem um personagem pelo que me contaram], por que minhas pobres memórias não podem se organizar como bem entendem?

Só pra constar, tenho os melhores pais do mundo, que muito contribuiram para a construção do que sou hoje.

Hoje, do alto destes 20 anos recém completados, posso afirmar: Não realizei nada de importante na minha vida, nada que pudesse ajudar as outras pessoas, mas fui muito ajudada pelas realizações alheias. Plano para as próximas décadas: fazer algo que possa ajudar os outros. Belo plano. Acho que o melhor de todos.

Ah, posso dizer outra coisa. Aprendi que os amigos, são parte essencial do crescimento, da alegria humana.
Tudo que há de importante em nossas vidas, são as pessoas que conseguimos contar, que conhecemos, que amamos, que queremos bem. As pessoas que contribuem e acrescentam...

Aprendi muito em 20 anos, mas só de pensar no quanto ainda me falta aprender, sonho para que esses anos, se multipliquem por muitos e muitos outros...


'é, hoje é o meu dia, que dia mais feliz!'




*para quem morreu de curiosidade, o livro que falei, é o DEPOIS DAQUELA VIAGEM - Valéria Piassa Polizzi. Não coloquei no meio do texto pra não parecer muito merchan, mas vai lá, leia, leia, leia!